Compartilhe

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O Maranhão DA COR DO PECADO

Hildonjackson Santana Dias *

Desde 1965 está entre nós a teledramaturgia global, que estreou sua primeira NOVELA com o seguinte título: ILUSÕES PERDIDAS. Qualquer semelhança desta trama com a história do povo maranhense é mera coincidência. Então, vou te contar... .

Neste mesmo período surge na história política maranhense a figura de José Sarney, que fora eleito Governador do Estado com o slogan “O Maranhão Novo”. Começa a consolidar-se, então, a idéia do mito do SALVADOR DA PÁTRIA. Aquele que iria libertar o Maranhão do atraso das velhas práticas do “coronelismo”, do assistencialismo e também modernizar o Estado.

Acontece, porém, que como se tivesse DUAS CARAS, DUAS VIDAS este ser camaleônico travestiu-se de tal forma, que está há mais de 40 anos no poder dominando a política local, indicando e elegendo todos os governadores do Estado até 2006. Isto só foi possível por que Sarney esteve ao lado de todos aqueles que dominaram a política nacional neste período.

O ASTRO maior da política maranhense relegou o Estado aos piores índices sociais do Brasil. O PARAÍSO anunciado ficou somente no EU PROMETO. A modernização e o progresso não vieram. Nas PÁGINAS DA VIDA do povo maranhense estará registrada a ânsia de poder deste clã que reina absoluto há mais de quatro décadas. O todo poderoso faz de tudo e a qualquer preço para permanecer no poder.

No nosso Estado o nome SARNEY é perpetuado de forma tão intensa que prédios públicos, pontes, bairros, praças, avenidas, escolas, palácios e maternidades são inaugurados com o DNA SARNEY.

Só falta construir um cemitério e batizar com o nome de alguém da família. Se, ao menos, fosse como na série O BEM AMADO onde o prefeito “Odorico Paraguaçu” inaugura o cemitério com o seu próprio enterro. Mas ainda está longe de sepultarmos de vez a influência política deste grupo na história maranhense.

O Maranhão precisa se reencontrar. E a população tem que ser SENHORA DO DESTINO de sua história, descartando e desprezando aqueles que acham que o Estado é só um PARAÍSO TROPICAL e que morar em casas de taipas e palhas é normal.

A república Maranhão assemelha-se muito à KUBANAKAN, aquela republiqueta onde reinava a ganância, a corrupção e os desmandos. Pobre Maranhão! DEUS NOS ACUDA da sede insaciável desta oligarquia. A FAVORITA da família retorna ao trono do palácio, alicerçada em uma decisão judicial de única instância que desconsiderou a vontade popular.  E onde está o meu voto?       A GATA COMEU.

O patriarca da família, como se dissesse QUE REI SOU EU que não consigo reconduzir O CLONE meu ao poder, faz o possível e o impossível junto aos tribunais superiores em Brasília para recolocar o seu BEBÊ A BORDO da nau maranhense, já que ele é “o dono do mar”. 

A INDOMADA, a FERA RADICAL e a “guerreira” estão de volta e com elas a CIRANDA, CIRANDINHA... .

Muitas CARAS E BOCAS ainda aparecerão no cenário político do Maranhão. Mas é preciso estar vigilante para não permitir que estas pessoas transformem o nosso Estado, a nossa cidade em uma SELVA DE PEDRA.

Precisamos reencontrar o CAMINHO DAS ÍNDIAS e impedir que esta oligarquia transforme o governo em um NEGÓCIO DA CHINA onde seus interesses particulares prevaleçam sobre os da maioria.

Nós, o povo maranhense, temos UM SONHO A MAIS para alimentar as nossas esperanças de dias melhores. Vamos fazer como fizeram OS IRMÃOS CORAGEM que defenderam a sua cidade e expulsaram, dela, aqueles que queriam roubar o seu tesouro.

O Maranhão não é uma grande fazenda onde o seu dono, O REI DO GADO, determina o destino de suas rezes. A luta dos Movimentos Sociais terá de continuar com homens e mulheres dispostos a mudar a triste realidade da nossa terra.

Faremos como DONA XÊPA: que lutou muito, trabalhando no mercado até ver o seu filho formado e autor de livros. No universo dramatúrgico vivido por ROSEANAS, HELENAS, FLORAS, ODETES REUTMAN, SINHOZINHO MALTA, ZECAS DIABO, LEÔNCIOS E MARIAS DE FÁTIMA o enredo poderia abordar a volta da esperança como aconteceu em ROQUE SANTEIRO, aquele escultor de santos, que desaparecido retorna à sua cidade e causa um rebuliço no meio da classe dominante que explorava a sua imagem para controlar o povo.

Ou como em TIÊTA, que ao voltar à sua Santana do Livramento causa um furacão de invejas e despeito dentro da sociedade medíocre.

Não precisamos de BARRIGA DE ALUGEL para gestar a democracia. Nem de um PAI HERÓI que trata os destinos do Maranhão em LAÇOS DE FAMÍLIA.

Vamos nos inspirar em Negro Cosme, Mãe Firmina, João do Vale e tantos outros que lutaram por mais dignidade. Lutaremos como a ESCRAVA ISAURA que não se submeteu aos caprichos do coronel Leôncio e lutou até alcançar a liberdade. Não queremos assistencialismo, clamamos para ver a nossa luta reconhecida.

Afinal CHOCOLATE COM PIMENTA no dos outros é refresco. Queremos, sim, UM SÉTIMO CÉU, MULHERES APAIXONADAS e principalmente a TERRA NOSTRA para plantar o nosso FEIJÃO MARAVILHA e ter o nosso LARANJAL.

Não sabemos como terminará a nossa novela. Espero que não tenha o tom e a dramaticidade de gosto duvidoso, como os folhetins mexicanos. Mas, como na trama tudo é possível e já dizia uma rede de TV, a TV COLOSSO: “ele é um colosso, ele não larga o osso”.

Podemos esperar capítulos com ares nebulosos que nem ZAZÁ ousaria voar.
Agora voltando ao primeiro parágrafo, Sarney como ator político principal está entre nós desde 1965 e ele foi convidado a protagonizar UM ANJO QUE CAIU DO CÉU, mas ele preferiu fazer ANJO MAL. Então, só nos resta VIVER A VIDA.
Pronto, TE CONTEI... . Plim-plim.

* Hildonjackson Santana Dias é militante do PT cheiroso e estudante do IFMA.

3 comentários:

Emerson disse...

Um belo e criativo texto que retrata bem a história do Maranhão. Além da crítica embricada em cada parágrafo feita por esse grande amigo, Ildonjackson, é possível constatar que além de amante da literatura é um grande noveleiro. Abraços

Anônimo disse...

Parabéns...Belo conto...Não sou do maranhão, mas gostei demais...Conheço são luís e me apaixonei pela capital..

Anônimo disse...

Parabéns pelo conto...Também admiro a capital são luís e me considero um maranhense apaixonado...